Referência na Região Norte do Ceará, o Banco de Olhos da Santa Casa de Misericórdia de Sobral alcançou o recorde de 55 transplantes de córnea entre janeiro e agosto deste ano. O número superou o ano passado inteiro, quando foram realizados 52 procedimentos. Mais de 200 pacientes já foram beneficiados com transplantes desde 2011. Os números acompanham a tendência positiva do Estado. Até agosto, foram 1.047 transplantes de múltiplos órgãos e tecidos em todo o Ceará, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado, com 663 de córnea.
Até agosto, foram doados 32 órgãos na Santa Casa de Sobral, dos quais são 24 córneas e oito doações de múltiplos órgãos. Para incentivar a doação de órgãos e comemorar o Dia Nacional do Doador de Órgãos, 27 de setembro, a Santa Casa, por meio da Organização de Procura de Órgãos (OPO), realizou uma série de atividades realizadas entre os dias 26 a 30 de setembro de 2016 durante a VI Semana de Sensibilização à Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes.
Entre as atividades que atingem o público em geral, na segunda-feira, 26, foi montado um estande de divulgação no North Shopping Sobral que teve como objetivo disseminar a importância da doação de órgãos e esclarecer dúvidas, além de angariar novos voluntários engajados com o tema.
Banco de Olhos
Desde a criação do Banco de Olhos na Santa Casa, em maio deste ano, o número de pacientes na fila de espera por um transplante de córnea caiu pela metade. O tempo médio de espera pela cirurgia também teve uma queda de sete para até três meses. Já foram realizados 203 transplantes desde 2011, 39 dos quais entre maio e setembro deste ano. A Santa Casa também adere à campanha Setembro Verde que conscientiza a doação e transplante de órgãos.
“Vimos que existia uma demanda reprimida e a necessidade de fazer transplantes. A Santa Casa é um pólo de saúde para a região e já havia a facilidade de receber córneas”, conta o médico oftalmologista e responsável pelo Banco de Olhos, Ribamar Fernandes. Ele lembrou que a Santa Casa de Sobral é o segundo hospital do interior do Nordeste a contar com um Banco de Olhos. Antes da criação do Banco, as córneas eram retiradas em Sobral, mas eram encaminhadas para Fortaleza. “Acabávamos perdendo alguns globos oculares”, ressaltou.
Para se candidatar, é necessário que o paciente tenha um problema grave com a perda de visão que comprometa principalmente a córnea. O oftalmologista faz o encaminhamento e o paciente é avaliado pelo médico Ribamar Fernandes para entrar na fila de espera. Entre as prioridades estão aqueles que têm uma úlcera na córnea refratária ao tratamento clinico ou que sofreram algum acidente com perfuração nos olhos. Além disso, crianças com menos de sete anos e transplantados que tiveram falha primária (córnea transplantada não resistiu) também são prioridades.
Quem deseja ser um doador precisa informar à família porque após o falecimento será necessário que os parentes aprovem a retirada dos órgãos. As córneas podem vir de doadores entre dois e 70 anos que estejam com olhos em boas condições e que não tenham tido doenças que impeçam o transplante, como HIV, Hepatite ou Sepse (infecção generalizada) por exemplo.
Jornalista, editor chefe e blogueiro raiz