Sindicato dos docentes rebate nota da reitoria que tenta esconder o descaso do Governo Camilo Santana com a UVA

Em uma iniciativa questionável, a reitoria da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) veio a público, em nota publicada no último dia 23 de janeiro, acusar de falsas e mentirosas as denúncias sobre a situação de degradação dos campi da instituição. Infelizmente, tanto para a reitoria, quanto para o governo do estado e para toda a comunidade acadêmica, palavras são incapazes de mudar os fatos, e é fato que as três universidades estaduais, em nosso caso específico, a UVA, já há algum tempo não são tratadas com a devida importância pelo governo do estado.

A atual equipe gestora da UVA, formada por professores da instituição, assim como toda a comunidade acadêmica que depende da universidade pública para ter contemplado seu direito a uma educação superior pública de qualidade, tem pleno conhecimento da atual situação dos campi, mesmo que a reitoria insista em tentar esconder o estado de degradação imposto pelo posicionamento omisso do governo Camilo Santana. Críticas e denúncias são formas democráticas de lutar por nossos direitos e pelos de nossos estudantes. Não é escondendo os problemas que eles serão solucionados como em um passe de mágica.

Desse modo, o que se espera da reitoria da UVA não é um posicionamento subserviente em defesa de um governo que não atende às necessidades básicas da instituição, mas de defesa de sua razão de ser: seus estudantes, seus servidores, seus professores e toda a sociedade cearense. Governos passam, mas se queremos que nossas universidades estaduais permaneçam também, temos de lutar juntos por condições dignas e seguras de trabalho e estudo.
Cabem algumas reflexões a respeito da nota publicada pela reitoria:
1 – É evidente que prédios antigos passam por processo de degradação e precisam de manutenção periódica, como foi o caso do telhado em um laboratório do curso de ciências biológicas, que como a própria nota informa, estava com “caibro corroído por cupins”. Mas vale questionar por que tal serviço foi realizado sem a interdição do espaço, pois, como visto, o risco de desabamento era iminente, pondo em risco a segurança de alunos e professores.
2 – Além do aluguel do campus Betânia, que onera o estado em cerca de um milhão de reais ao ano, os gastos com manutenção daquela estrutura, como enfatizado na nota, antiga e que necessita de obras sazonais, “ainda que com algumas limitações impostas”, só com os valores divulgados pela reitoria, custam mais de dois milhões para serviços como manutenção de rede elétrica e hidráulica. Sabendo-se da recomendação do Tribunal de Contas do Estado para que o governo adquirisse, e não mais alugasse o prédio, é de se estranhar que o Decreto nº 33.281, de 23 de setembro de 2019, que “declara de utilidade pública, para fins de desapropriação” daquele espaço, tenha sido revogado pelo governador.
3 – Sobre a acusação de que as imagens não condizem com a realidade vivenciada pela comunidade acadêmica nos campi da UVA, o SindiUVA está realizando uma série de visitas a todos os campi com o intuito de registrar e divulgar os problemas encontrados como forma de exigir uma ação responsável e urgente por parte do governo do estado. Cada espaço tem sido devidamente fotografado e filmado, sendo no mínimo vergonhosa a tentativa de desmentir a degradação física da instituição.
Por fim, ao contrário do que é afirmado na nota da reitoria, a comunidade acadêmica tem consciência de que a qualidade da educação oferecida pela UVA baseia-se na qualidade técnica de seus profissionais, que já fazem muito com as condições que lhes são oferecidas, de sobrecarga por falta de pessoal, falta de recursos e estrutura sucateada, e fariam muito mais se ao invés de promessas e ataques infundados por parte de quem deveria estar ao seu lado, lhes fossem oferecidos os recursos necessários para desenvolverem todo o seu potencial. Lutar por qualidade e condições mínimas não é lutar contra a educação superior pública, pelo contrário, e é desalentador termos de explicar isso para quem deveria estar ao nosso lado nessa luta em defesa das universidades estaduais cearenses, dentre as quais está a nossa UVA.

Professores relatam descaso da universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA

Professores relatam descaso da universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA- Professor Joannes (Ciências sociais) – Professor Marcel Lima (Educação Física)

Posted by Sobral Online on Monday, January 27, 2020

Sobral, 28 de janeiro de 2020

Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual Vale do Acaraú – SindiUVA – (Seção Sindical do ANDES – S.N.)

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.