Sobe para 45 o número de presos desde o início de ataques a operadoras de internet no Ceará
Comando Vermelho exige parte do faturamento de empresas para 'autorizar' a oferta de serviços em bairros de Fortaleza. Governo criou operação para identificar e prender os envolvidos nos ataques coordenados. Cinco empresas fecharam as portas após prejuízos com os ataques criminosos.
Mais cinco pessoas foram presas na operação que investiga os ataques a provedores de internet no Ceará, de acordo com o balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública do Estado nesta quinta-feira (3). Desde o início dos ataques, 45 suspeitos foram detidos.
A ação faz parte da Operação Strike, e a nova fase teve início no último dia 28. As cinco pessoas, com idades entre 38 e 57 anos, foram autuadas em flagrante pelos crimes de operar atividades de telecomunicações de forma clandestina, furto de energia e receptação.
Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a SSPDS também fiscalizou irregularidades em provedores em áreas afetadas pela interrupção de links de internet e verificou denúncias relacionadas a esses serviços. Alguns provedores foram interditados
Foram alvos da nova fase diversos provedores de internet nos municípios de Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza, abrangendo os bairros do Pirambu, Barra do Ceará, Vila Velha, Jardim Iracema, Jardim Guanabara, Cristo Redentor, Carlito Pamplona e Álvaro Weyne. Durante as fiscalizações, alguns provedores foram interditados administrativamente devido a irregularidades constatadas.
Prisões de envolvidos nos ataques a empresas de internet:
- 21 de fevereiro: quatro traficantes foram presos por crimes como tráfico de droga e homicídio; à época das prisões, eles não eram investigados pelos ataques às empresas, mas a polícia apontou o envolvimento deles após investigações.
- 1ª fase da operação Strike, 12 de março: 17 membros de facção foram presos pela série de ataques a empresas;
- 2ª fase da operação Strike, 14 de março: 7 foram capturados e empresas ilegais comandadas por facção criminosa são fechadas;
- 25 de março: um guarda municipal de Fortaleza e três comparsas foram presos suspeitos de envolvimento nos crimes.
- 3ª fase da operação Strike, 27 de março: 8 foram detidos na cidade de Caridade, a mais afetadas pelos ataques.
- 4ª fase da operação Strike, 28 de março: 5 pessoas foram autuadas em flagrante por crimes de desenvolver atividades de telecomunicações de forma clandestina, furto de energia e receptação.
Os ataques coordenados pelo Comando Vermelho contra os provedores de internet no Ceará têm ocorrido desde fevereiro. Eles exigem dinheiro de operadoras de internet para permitir a oferta do serviço e promovem ações de retaliação contra as provedoras que recusam pagar a “taxa”.
Entre os ataques estão incêndios a carros das empresas, tiros disparados contra a fachada, vandalismo na sede das provedoras e rompimento de cabos de fibra óptica. A cidade mais afetada foi Caridade, onde 90% dos clientes estão sem internet desde fevereiro.
Após a escalada de ataques, o governador Elmano de Freitas anunciou em 8 de março a criação de um grupo especial para investigar atos criminosos realizados contra empresas provedoras de internet.
O que aconteceu com as empresas afetadas?
Cinco empresas provedoras de internet no Ceará já encerraram ou ainda devem encerrar as atividades após a série de ataques de uma facção criminosa, segundo a Associação dos Provedores Do Ceará.
Uma das empresas é a provedora de internet ‘GPX Telecom’, de Caucaia. Por meio de nota, a empresa disse que “em menos de 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto esforço e comprometimento, levando-nos a tomar a difícil decisão de encerrar nossas operações”.
“É com um profundo sentimento de tristeza que anunciamos o encerramento de nossas atividades. Ao longo de nove anos, desde 2016, tivemos a honra de servir com dedicação e alegria os Bairros Parque Soledade, São Gerardo e Ponte Rio Ceará. Infelizmente, em meros 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto esforço e comprometimento, levando-nos a tomar a difícil decisão de encerrar nossas operações.