Sobral recebe o Ballet de Kiev da Ucrânia

Foi aos 14 anos de idade que Maria Deusolinda Miranda teve o primeiro contato com o balé. Levada pela mãe, uma praticante e apaixonada pela dança, a jovem, hoje com 22 anos, também se deixou levar por essa arte que encanta os amantes dos clássicos mundo afora, desde que foi criada na Itália, no fim do século XV, e mais tarde se desenvolveu na França, Inglaterra e Rússia.
Do alto de seus oito anos de completa dedicação à dança, a jovem bailarina diz que o que mais chama sua atenção são os movimentos realizados com a sapatilha de ponta, um dos símbolos máximos do balé clássico. Mas para chegar a esse ponto, a recomendação de professores experientes é que o estudante tenha tido, ao menos, de dois a três anos de treinamento sério de balé, além de fazer aulas ao menos duas vezes por semana, sendo esta a preparação mínima necessária para um estudante desenvolver a técnica e a força suficientes para prepará-lo para o trabalho em pontas.
Atendendo aos requisitos, além do esforço e dedicação, Deusolina segue com o sonho de, não apenas continuar na dança, mas passar adiante o que aprendeu na academia.
“O balé é minha vida, desde pequena. Quando via as bailarinas em suas apresentações, sonhava em um dia também poder estar no palco passando a emoção que a dança transmite. Mesmo dando aula de outros estilos, como o Jazz, me sinto realizada ao dançar o balé clássico”, disse a jovem, antes de se dirigir à barra de exercícios, juntando-se às amigas para mais um dia de aula com todo aquele alongamento e os sucessivos movimentos, característicos desse tipo de arte, que exige muito do corpo, como o Plié (flexão dos joelhos), Rond de Jambe (rodar a perna) e o fondu (flexão da perna de base, enquanto a outra recolhe ao mesmo tempo. É como se fosse um Plié, mas em uma perna.
Em outro canto da mesma sala de aula, de frente a um grande espelho, que cobre toda a parede, está Maria Eduarda Lima Moura, de quinze anos. Assim como a amiga de dança, ela também veio trazida pela mãe, outra fã do balé clássico. Os primeiros passos foram dados, ainda timidamente, aos três anos de idade. Mas ao longo das aulas, praticadas duas vezes por semana, Maria Eduarda foi ganhando força, mais equilíbrio e uma nova postura, não apenas física, mas, segundo ela, determinada, diante da vida e dos desafios futuros.
Mesmo sabendo que um dia abrirá mão dessa paixão para se dedicar a outro sonho, que é ser juíza, a jovem diz aproveitar o máximo esse momento. “É muito bom praticar, buscar a perfeição dos movimentos, ver que o corpo corresponde ao que o exercício pede, apesar do esforço”.

A expectativa das bailarinas de Sobral é das maiores com a notícia da apresentação do Ballet Kiev da Ucrânia; muitas consideram um sonho assistir ao evento neste mês

Ao se preparar para mais uma etapa de flexões e alongamentos, Maria Eduarda, que já planeja um futuro diferente da dança, diz que, “na medida do possível, a prática vai permanecer”. A jovem também revela outra paixão: a técnica e a beleza plástica da apresentação do “Lago dos Cisnes”, do grande Tchaikovsky, músico russo que estreou esse, que foi seu primeiro balé, no teatro Bolshoi, em Moscou, nos idos anos de 1876. E estar perto de renomados bailarinos pode se tornar realidade para Maria Eduarda e suas companheiras de sapatilha, com a comemoração de 150 anos de fundação do Ballet Kiev, da Ucrânia.
O grupo estará em apresentação única, em Sobral, no dia 27 deste mês, no Arco Nossa Senhora de Fátima, no Centro Histórico da cidade, dentro de uma turnê nacional. O espetáculo foi possível com a articulação da Secretaria da Cultura, Juventude, Esporte e Lazer (Secjel) e da Escola de Cultura, Comunicação, Ofícios e Artes (Ecoa), que estendeu a turnê brasileira do “Tributo a Tchaikovsky”, com apresentação de duas de suas obras mais populares e emblemáticas: “O Lago dos Cisnes” e “A Bela Adormecida”. Para ter acesso gratuito a uma das cadeiras disponíveis, no espetáculo aberto, o interessado deve preencher uma ficha de inscrição no site da Prefeitura de Sobral, no endereço www.Sobral.Ce.Gov.Br.
As inscrições, iniciadas na última terça-feira (8) se estendem até o encerramento das vagas. Entre os dias 17 e 24 deste mês, as pulseiras poderão ser retiradas no ginásio poliesportivo Doutor Plínio Pompeu (Lagoa da Fazenda), das 14h às 20h, mediante doação de um brinquedo em bom estado e de apresentação de um documento oficial com foto. As pulseiras que não forem entregues na data marcada para retirada serão novamente ofertadas para o público, não havendo entrega no local do evento.
Impulso
Também conhecido como Ballet da Ópera Nacional da Ucrânia, o Kiev é uma renomada companhia com sede e origem no Teatro de Ópera da Ucrânia, inaugurado em 1867, onde iniciou como um pequeno grupo de bailarinos que se apresentavam nas danças folclóricas e balés das óperas locais. No início do século XX teve impulso com a chegada de bailarinos dos balés russos de Paris, que fugiam da 1ª Guerra Mundial.
A partir dessas formações se inicia a diversificação de repertório e a formação de bailarinos de nível internacional. Com a independência da Ucrânia em 1990, o Kiev estende suas apresentações à América do Norte e Ásia, além de toda a Europa, se consolidando como uma das principais companhias de balé clássico do mundo. A companhia conta com um grupo de 27 bailarinos.

Enquete

O que representa essa arte?
“Representa disciplina, saúde e comportamento. Eu comecei no balé aos seis anos de idade, trazida pela minha mãe. Com o tempo, fui me apaixonando cada vez mais pela dança, que exige muita disciplina”
Samille Vitória Aguiar. Estudante
“O balé, hoje, faz parte da minha vida, pois pratico toda semana com muita atenção. Estar aqui é muito importante para mim, não apenas pelo cuidado com corpo e a saúde, mas também pela oportunidade de dançar ”
Sandy Maria de Sousa Soares. Estudante

A notícia da apresentação motivou as bailarinas locais a treinar mais ainda ( Fotos: Marcelino Júnior )

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