Violência mata mais crianças e adolescentes do que Covid-19 no Ceará em 2021
Anos antes de a Covid-19 chegar ao Ceará o Estado já enfrentava outra epidemia: a das mortes violentas. No primeiro trimestre deste ano de 2021, 805 pessoas foram vítimas de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs). Destas, 112 crianças e adolescentes, conforme levantamento do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca). O número é quase três vezes maior do que pessoas de 0 a 19 anos que morreram em decorrência da Covid-19.
De acordo com a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa-CE). de 1º de janeiro de 2021 até o último dia 31 de março, 44 pacientes com até 19 anos morreram devido ao coronavírus no Estado. Enquanto a violência mata mais meninos, a doença faz mais vítimas do público feminino desta faixa etária.
Os dados levantados pelo Cedeca a partir das estatísticas disponibilizadas pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) indicam uma média de 1,2 menores de idade mortos no Ceará a cada dia. A maior parte dos que morrem em atos violentos são moradores de periferia e negros.
AÇÕES DE COMBATE
A Secretaria afirmou atuar de forma preventiva para coibir as mortes violentas de qualquer faixa etária ou gênero. A Pasta citou programas de combate à violência, como o Programa de Proteção Territorial e Gestão de Riscos (Proteger), com policiamento distribuído 24 horas em pontos estratégicos da Capital e Região Metropolitana.
Veja trecho da nota da SSPDS:
“A pasta ressalta que suas vinculadas reforçaram as ações para evitar os crimes violentos contra a vida. Como é o caso da criação e início das atividades coordenadas pelo Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), entre os anos de 2018 e 2019, bem como a ampliação do número de delegacias do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de cinco para 11 ainda em 2017, dedicadas à investigação de CVLIs na Capital.
A Secretaria da Segurança salienta ainda a ampliação do trabalho de investigação nas delegacias de todo o Estado, o que deu ainda mais capilaridade à Polícia Judiciária cearense, bem como intensificou as investigações de crimes em todo o Ceará. O número de delegacias 24 horas no Ceará mais que dobrou nos últimos cinco anos, passando de 13 para 32 unidades plantonistas.
Além disso, o acompanhamento de crianças e adolescentes em situação de violência também é feito por meio da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca). Onde não há uma unidade especializada de atendimento a esse tipo de violência, a população pode comparecer às delegacias municipais, metropolitanas e regionais para registrar os crimes, que serão apurados pelos investigadores das unidades da Polícia Civil em todo o Estado. O próprio DPGV da Polícia Civil capacita profissionais em todo o Estado para atuarem no atendimento a esse tipo de ocorrência”.
Fonte: Diário do Nordeste

