110 mil comprimidos: Ceará foi 7º do País que mais recebeu cloroquina do governo Bolsonaro
O Ceará foi o sétimo Estado brasileiro que mais recebeu comprimidos de cloroquina enviados pelo Governo Federal: foram 110 mil. O número deixa o Estado empatado com o Pará. Ao todo, a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) enviou 2,8 milhões à população dos estados. A lista é encabeçada por Rio Grande do Sul, seguido de São Paulo, Bahia, Amazonas, Rondônia e Santa Catarina.
Os fármacos foram produzidos a partir dos laboratórios do Exército e Marinha. Os números foram obtidos pela Agência Pública via Lei de Acesso à Informação. A maioria dos comprimidos. 2,4 milhões, foi distribuída pelo Ministério da Saúde a secretarias de saúde de estados e municípios.
Já cerca de 441 mil comprimidos foram encaminhados pelas Forças Armadas a hospitais militares, depósitos e postos de saúde ligados ao Exército, Aeronáutica e Marinha, de acordo com a Agência Pública.
O POVO entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa-CE) e questionou a pasta sobre o número de comprimidos de cloroquina recebido do Ministério da Saúde. Também perguntou quantos foram comprados pelo Governo do Ceará e a quantidade já distribuída. A reportagem aguarda resposta.
O Exército celebrou contratos para produção do medicamento desde março do ano passado, com dispensa de licitação. Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich passaram pelo Ministério da Saúde e, em maio, após saída do segundo ministro, o Governo Federal publicou protocolo orientando o uso da medicação para combate ao vírus em pessoas com sintomas leves.
A Agência Pública levantou que três contratos sem licitação foram fechados no dia 20 de março para aquisição de cloroquina. Outros cinco foram assinados no dia 23, estes para compra de insumos para fabricação do fármaco.
Desde o começo da pandemia no Brasil, Bolsonaro tem feito defesa intransigente da cloroquina, que não tem eficácia comprovada contra o vírus. A conduta do presidente em relação ao remédio, eficaz no tratamento da malária e do lupus, se soma a lista de ações anticientíficas adotadas por ele.
Uma delas é o conceito de tratamento precoce, rechaçado pela literatura científica. O secretário de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, esteve na Rádio O POVO/CBN nesta segunda-feira.
“Infelizmente estamos vivendo um momento em que as pessoas estão faltando com responsabilidade e colocando a vida das pessoas em risco. O importante mesmo não é tomar remédio precocemente, é você ser atendido precocemente”, ele reforçou.