Babá afirma que avó sabia das agressões sofridas por Henry

Em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro na última segunda-feira, 12, a babá Thayná Ferreira contou que acompanhou o garoto Henry Borel em uma visita à casa de Rosângela Medeiros, sua avó. No local, a cuidadora relatou à avó que o garoto estava machucado por causa das agressões por parte do vereador Dr. Jairinho.

No dia 13 de fevereiro, o menino Henry Borel foi deixado na casa dos avós maternos, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O garoto ficaria com os avós enquanto a mãe Monique Medeiros e o namorado, o vereador Dr. Jairinho, viajavam para um condomínio de luxo em Mangaratiba, na Costa Verde fluminense.

Na data, a criança já apresentava marcas de maus tratos. Henry mancava da perna esquerda e reclamava de dores na cabeça e no joelho. “Nunca vou me esquecer dele entrando em casa daquele jeito e dizendo que o joelho doía”, lembra uma pessoa do círculo familiar, que preferiu não se identificar por medo de represálias. 

A avó materna chegou a adverti-lo em público: “Para de bobeira, Henry! Anda direito!”. As informações são da revista VEJA, que conta ter tido acesso a um áudio que descreve a cena acima. Segundo relatos da babá, após a avó saber a causa das queixas do menino, ela havia ficado assustada, mas levantou a possibilidade de o menino estar mentindo.

Durante o depoimento, Thayná contou que refutou a afirmação de Rosângela e afirmou que Henry mancava, tinha dor na cabeça e apresentava um roxo no corpo após a sessão de espancamento. A cuidadora também alega que não insistiu muito no assunto com receio de que Monique, mãe de Henry, achasse que estava fazendo “fofoca” para a mãe dela.

As novas declarações da babá de Henry sugerem que não foi apenas ela quem mentiu no seu primeiro depoimento, como também a avó do garoto. É possível que Rosângela tivesse conhecimento das agressões sofridas pelo neto e omitiu isso para os investigadores da 16ª DP (Barra da Tijuca).

Depoimento da avó

Rosângela é avó de Henry e professora da Prefeitura do Rio há mais de 30 anos. No dia 24 de março, ela se apresentou à polícia e afirmou que o neto parecia estar feliz com o novo apartamento, juntamente com a mãe Monique e o namorado de Monique, Dr. Jairinho. A professora ainda declarou que Henry “nunca chegou à sua casa machucado, que nunca o viu roxo ou com marcas pelo corpo”.

De acordo com a reportagem da Veja, a criança fazia escândalos aos berros para não voltar para o apartamento onde estava morando com a mãe e o vereador. Os dois estão presos desde o dia 8 de abril sob suspeita de homicídio qualificado e tortura.

“Ninguém na casa ligava para as coisas que o Henry estava reclamando. Ele dizia para os avós que o tio Jairinho tinha o machucado. A Monique, por sua vez, rebatia que o filho estava falando muita mentira. Até depois que ele morreu, ela insistia com essa história”, conta outra pessoa ligada à família que não se identificou.

Ainda em depoimento, questionada pela polícia se conversou com a filha e o vereador sobre o crime, Rosângela respondeu que sim, mas para se poupar, não quis saber maiores informações e não se lembra se algum detalhe lhe foi contado.

Pessoas ligadas à família contaram aos repórteres da revista que a postura de Rosângela fez com que traficantes da Vila Kennedy, bairro da Zona Oeste do Rio, a ameaçassem caso voltasse a trabalhar na Escola Ciep 244 Tarso de Castro, que fica dentro daquela comunidade. Até agora, a avó de Henry não foi convocada para um novo depoimento.

Fonte: OPovo