Ausente, Bolsonaro vira alvo de candidatos no último debate do 1º turno

Fora do último debate do primeiro turno por recomendação médica, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) se tornou o principal alvo dos candidatos que participaram ontem, na TV Globo, do encontro entre postulantes.
 
Líder das pesquisas de intenção de voto, o capitão da reserva concedeu entrevista à Rede Record no mesmo horário do debate da emissora concorrente. Bolsonaro foi criticado por seus adversários pela ausência.
Primeiro a atacar Bolsonaro, Guilherme Boulos, do Psol, condenou o apoio do militar à ditadura. Em seguida, a candidata Marina Silva (Rede) disse que o nome do PSL havia “amarelado” ao não participar da discussão de propostas na televisão.
 
A dois dias das eleições, os postulantes voltaram-se também contra a polarização entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). Vice-líder nas pesquisas, o petista foi atacado indiretamente por Ciro Gomes (PDT) e Marina, que, assim como no debate anterior, estabeleceram uma dobradinha na tentativa de se firmarem como terceira via na corrida presidencial.
 
Logo no começo do programa, Ciro perguntou à ex-senadora se havia chance de o novo presidente eleito sofrer impeachment em virtude do clima político acirrado. “Não acredito que, a permanecer essa polarização, se tenha possibilidade de governar o Brasil”, respondeu Marina.
 
“Há quatro anos o nosso País está paralisado”, devolveu Ciro. “E agora esse filme está querendo se repetir. Essa divisão não vai permitir que o Brasil supere essa crise.”
 
Terceiro nas pesquisas de preferência do eleitorado, o pedetista lembrou que, segundo os levantamentos feitos até aqui, vence Haddad e Bolsonaro num eventual segundo turno e que, por isso, é a melhor opção para derrotá-los. “Ganho do Haddad e do Bolsonaro com folga no segundo turno, mas para isso preciso de seu voto no primeiro turno.”
 
“Esse País não está precisando de força física”, acrescentou a candidata da Rede. “Esse País está precisando é de força moral. E eu sou a melhor pessoa para unir o Brasil.”
 
Geraldo Alckmin (PSDB) interagiu mais vezes com o candidato do Podemos, Alvaro Dias. Em resposta a Dias, o tucano disse que o Brasil “não pode ir para esse segundo turno de extremos”.
 
Dias, por sua vez, mirou suas perguntas no rival petista, priorizando temas ligados à corrupção. Num dos momentos do debate, por exemplo, ironizou ao falar que havia elaborado uma lista de perguntas escritas destinadas ao “verdadeiro candidato do PT, o Lula, que está preso”. O ex-presidente cumpre pena em Curitiba após ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.
 
Haddad também foi confrontado por Marina, que exigiu que o candidato fizesse autocrítica sobre casos de corrupção denunciados no curso dos governos de Lula e Dilma Rousseff, apeada no processo de impeachment, em 2016.
 
O debate foi marcado por três dobradinhas: de Alckmin e Dias, cujo alvo foi principalmente o PT e Haddad. De Haddad e Guilherme Boulos, ambos endereçando suas críticas a Bolsonaro. E de Marina e Ciro, cuja intenção é apresentar-se como alternativa à polarização.
CANDIDATOS teceram críticas à polarização protagonizada por Bolsonaro e Haddad WILTON JUNIOR/ AGÊNCIA ESTADO
“UNIÃO”
Antes do debate, Alckmin foi irônico ao comentar a sugestão de Ciro, de unir as candidaturas de ambos com à de Marina Silva. “Acho ótima (a sugestão), nós queremos receber o apoio do Ciro e da Marina”, afirmou. Ele afirmou que ninguém vai deixar de ser candidato no 1º turno.
 
Dobradinhas e gafes
DEBATE NA GLOBO
Um dos participantes do debate da TV Globo, Henrique Meirelles (MDB) fez dobradinha com Ciro Gomes (PDT) para criticar Jair Bolsonaro (PSL).
 
Ao responder a pergunta do pedetista sobre a ausência do líder das pesquisas, o ex-ministro da Fazenda disse que “o eleitor merece respeito”. E acrescentou: “Se alguém foge e se esconde significa que não tem condições de administrar o País”.
 
Dois candidatos foram aplaudidos ao longo do debate: Guilherme Boulos (Psol), que fez forte discurso contra Bolsonaro, e Marina Silva (Rede), que também criticou o capitão reformado.
 
A ex-ministra, todavia, dividiu sua artilharia com Fernando Haddad (PT), de quem cobrou que fizesse um “mea culpa” público pelos erros cometidos pelo PT ao longo dos seus governos.
 
A candidata ainda brincou com o mediador do debate, William Bonner, repetindo o bordão “jornalistas” sempre que o âncora do “Jornal Nacional” cometia alguma gafe.
 
O candidato tucano Geraldo Alckmin tentou colar a imagem do presidente Michel Temer (MDB) à de Haddad ao afirmar que o PT havia sido responsável pela aliança com o emedebista escolhendo-o como vice duas vezes.

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