Brasileiros caem no golpe de influenciadores que enganam interessados em residir em Portugal
Produtores de conteúdo compartilham desinformações, anunciam serviços sem ter competências legais e utilizam do dinheiro das vítimas para promover imigração ilegal
A vontade de morar em Portugal, buscar melhores condições de vida e novos postos de trabalho é muito comum entre pessoas do Brasil. A comunidade brasileira no país luso obteve um aumento superior a 150% nos últimos seis anos. Sabendo dessa busca recorrente e do interesse de milhares de brasileiros em residir nas terras portuguesas, influenciadores acabam se aproveitando da situação e enganam essas pessoas.
Páginas e perfis de redes sociais incentivam a imigração a Portugal, produzindo conteúdos enganosos. No ano passado, as autoridades do governo português precisaram abrir uma investigação contra 22 influenciadores digitais brasileiros que auxiliavam a imigração de forma irregular e ainda aplicavam golpes.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), responsável pela imigração ao país europeu, não divulgou a profissão dos investigados e não informou a nacionalidade. No entanto, se incumbiu de verificar os casos de pessoas que auxiliam a imigração ilegal.
O advogado Maurício Gonçalves, especialista em imigração, que reside e atua em Portugal há mais de duas décadas, diz que a cada dia aparecem novas pessoas na internet que iludem os interessados em residir no país. “Esses influenciadores estão espalhados por todas as redes sociais. Muitos dos que foram punidos ainda continuam com a conta ativa”, afirma.
Ele acrescenta que o grande problema é de que muitos dos perfis não são de advogados registrados na Ordem de Portugal. Logo, não estão habilitados a prestar auxílio legal à imigração.
“Por meio de conteúdos mostrando como é o cotidiano no país, angariam clientes e vendem guias, mentorias, passagens aéreas e outros serviços dos quais não têm competência legal”, comenta Maurício.
Os produtores de conteúdo anunciam também aluguel de imóvel para brasileiros recém-chegados, sem autorização de residência e parcerias com agências de viagens e advogados.
“Eles criam uma gama de possibilidades irreais e iludem os brasileiros que querem imigrar para Portugal. Desinformações são compartilhadas, como valores errôneos sobre os gastos de moradia, alimentação e o custo de vida”, ressalta o advogado, do Canal Cidadania Portuguesa.
O desejo e o anseio são tantos, que muitos dos brasileiros acabam confiando em quaisquer informações que recebem, sem checar e validar o conteúdo e a fonte. Durante suas buscas na internet, se deparam com mecanismos para entrar como turista e driblar agentes de imigração.
Para Maurício, pode até ser que a maioria desses que querem sair do Brasil não tem a mínima consciência de que estarão contribuindo com a imigração ilegal. No entanto, acabam optando por seguir o caminho mais rápido para realizar o sonho com mais agilidade.
Os influenciadores, por vezes, também utilizam das redes sociais para aliciar brasileiros e aplicar golpes. O intuito deles é de lucrar através de práticas transgressoras. A partir do dinheiro que recebem dos interessados em se mudar para Portugal, fazem documentos falsos.
O especialista em imigração aconselha que o ideal para não ser enganado por pessoas que atuam sem autorização é verificar no próprio site da Ordem dos Advogados de Portugal se os profissionais que se apresentam como advogados estão capacitados para o exercício da profissão. “É importante checar antes da contratação dos serviços e analisar se eles possuem atividade formalizada”.
Apesar de ter pessoas que agem incorretamente, há muitos profissionais aptos e confiáveis. O planejamento e a pesquisa com cautela são fundamentais.
Sobre Maurício Gonçalves:
Maurício Gonçalves é advogado especialista em imigração e nacionalidade portuguesa. Reside e atua em Portugal há 22 anos. Tem vasta experiência em processos de nacionalidade portuguesa, homologações de divórcio, questões sucessórias, validação de diplomas e vistos diversos. Possui uma equipe preparada para lidar com qualquer demanda jurídica e notarial em Portugal.
Acesse: