Camilo diz que motins de PMs desorganizaram segurança no CE e informa que fará mudanças na área

Durante conversa com o ex-ministro da Educação e candidato à Presidência da República em 2018, Fernando Haddad (PT), nas redes sociais na noite desta quarta-feira, 8, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), voltou a criticar os motins da Polícia Militar em fevereiro e afirmou que os movimentos desorganizaram a segurança pública do Estado e foram responsáveis pelo crescimento nos indicadores de violência. Conforme chefe do Executivo cearense, uma série de mudanças será realizada na área.
“Fizemos aqui no Ceará um exemplo de punição para quem tenta descumprir a lei e para quem tenta fazer da polícia um caminho partidário. Nesse momento estamos tentando reestruturar esse movimento que ocorreu aqui no nosso estado”, diz Camilo sobre não ter concedido anistia aos policiais militares (PMs) integrantes dos motins.
As paralisações, conforme Camilo, teriam resultado no crescimento dos indicadores de violência do Ceará em 2020 e seriam fruto de movimentações resultantes da crescente partidarização dentro da corporação, que já ocorre “desde o fim de 2019”.
De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), no mês do motim, o Ceará registrou 459 homicídios, número 179% superior ao mesmo mês do ano passado, quando ocorreram 164. Crescimento também foi registrado em março, abril e maio.
Recebido por Haddad no quadro semanal “Painel Haddad”, Camilo afirmou que o aparelhamento político por meio de sindicatos de policiais é “errado”. O governador citou que “o principal candidato à Prefeitura de Fortaleza é policial”, referindo-se ao deputado federal Capitão Wagner (Pros).
“Ele construiu sua carreira de político dentro da polícia. Não quero dizer que as pessoas não tenham o direito de participar da política, mas o que não pode é partidarizar uma área que a Constituição te dá o poder de você ter uma arma para defender a população e isso ser utilizado para fazer política. Tá errado”, pondera Camilo.
O governador cearense afirmou ainda que sugeriu ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) que levasse ao Congresso Nacional o debate da partidarização da Polícia. Camilo fez analogia com a situação de juízes, promotores e militares do Exército, que precisam renunciar aos seus cargos para se candidatar, enquanto PMs não têm essa prerrogativa.
“O policial militar ele se candidata e, se perder, volta pra corporação e isso é um erro gravíssimo dentro da segurança pública e tem interferido fortemente nessas atitudes que grupos têm feito dentro da segurança e da política no País inteiro. É um tema que o Brasil precisa olhar com muita delicadeza para evitar esse tipo de fato que tem ocorrido aqui no Ceará”, afirma.
Pandemia no Ceará e no Brasil
Na transmissão, Camilo falou sobre o enfrentamento do coronavírus no Ceará e no Brasil e afirmou que o “grave problema” da pandemia no País é a “falta de coordenação nacional”, atribuindo a questão aos posicionamentos conflitantes do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). “Os estados e os governadores tiveram de assumir a responsabilidade e tomar decisões importantes”.
“Faltou uma liderança. A pandemia se transformou em um debate muito político no país. E também temos as fake news diariamente tentando desestabilizar o nosso trabalho. Tem sido um desafio mas, pra mim, uma das coisas mais importantes é a transparência”, afirmou o chefe do Executivo cearense.
Camilo citou o constante diálogo com a equipe de saúde e os órgãos e entidades formadores do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia e listou as ações do Governo como o isolamento social, os benefícios para a população mais vulnerável e o plano de retomada econômica.
MATHEUS FACUNDO / O POVO ONLINE
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