Confederação deve se reunir com Governo Federal para discutir saúde mental dos policiais civis

Nesta sexta-feira, 19, houve a missa de 7º dia dos policiais Antonio Claudio dos Santos, Antonio Jose Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.

A Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Polícia Civil (Cobrapol) deve se reunir com o Ministério da Saúde e com o Ministério da Justiça para discutir questões ligadas a saúde mental dos agentes de segurança e de assédio moral. A iniciativa de levar o tema à Brasília acontece após a chacina de Camocim, que vitimou quatro policiais civis, no domingo, 14, Dia das Mães.

O acusado do crime, também um policial civil, foi preso em flagrante. A declaração do presidente da Cobrapol, Adriano Bandeira, foi dada durante a missa de 7º dia dos quatro policiais civis, Antonio Claudio dos Santos, Antonio Jose Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.

No fim da manhã desta sexta-feira, 19, famílias das vítimas subiam ao último andar da Delegacia Geral, onde se emocionaram ao relembrar os entes falecidos. Delegados, inspetores e escrivães lotaram o auditório. A missa foi transmitida nas redes sociais e também no salão da delegacia, no térreo, por meio de um telão.

O semblante abatido dos agentes de segurança demonstrava a dor que a tragédia causou a categoria da Polícia Civil. O choro se misturava com a celebração do padre e, por alguns momentos, os parentes precisaram ser amparados e saíram do auditório. Para quem entrasse era entregue uma flor branca e o caderno com a fotografia dos quatro policiais civis.

A mensagem dada na celebração deixada pelo Sinpol foi de homenagem aos trabalhos prestados. “Os nossos irmãos Chicão, Cláudio, Miranda e Gabriel em momentos importantes, tiveram que se ausentar de seus lares para proteger a sociedade; para dar uma vida segura a muitos desconhecidos, realizando a grande missão de construir uma sociedade de paz. Por isso nos unimos hoje para homenageá-los. Não temos palavras suficientes para homenageá-los. Não temos palavras para agradecer às suas famílias por terem permitido os mesmos, trabalharem pela justiça honrando a Polícia Civil do Estado do Ceará”, destacou a mensagem.

Dados sobre saúde mental e assédio moral

Estavam presentes no local o delegado geral da Polícia Civil, Márcio Gutierrez, além do Sindicato da Polícia Civil (Sinpol), por meio do presidente, Tony Brito e a Cobrapol, esta, que representada pelo presidente, Adriano Bandeira, disse que a sede da Confederação, neste momento, seria no Ceará, devido a chacina.

No entanto, as pautas relacionadas a saúde mental dos policiais civis e a questão do assédio moral nos locais de trabalho seriam levados à Brasília para reuniões com o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça. As datas das respectivas reuniões seriam marcadas.

O presidente da Cobrapol afirmou que vão levar dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre assédio moral e saúde mental, que apontam índices de suicídios e assédio moral no Brasil. E também que, a partir desses dados, vão discutir políticas públicas para esses profissionais de segurança.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública do ano de 2022 destacou que, de todos os estados brasileiros, apenas Ceará e Rio Grande do Norte deixaram de informar dados dos suicídios nas forças policiais.

Os dados do fórum trazem que profissionais de segurança são vítimas de ameaça, sendo 75,5% em serviço e 53,1% fora do serviço. Além disso aponta que 63,5% são vítimas de assédio moral ou humilhação no ambiente de trabalho.

A conclusão do Fórum Nacional de Segurança Pública, que fala sobre morte de gentes de segurança fala sobre ir além de políticas, estratégias e táticas. “Políticas, estratégias, táticas e culturas organizacionais que não se centrem na importância da vida, quaisquer que sejam, são e continuarão a ser o cenário trágico para acumularmos perdas de nossos policiais”, destaca o relatório.

O presidente do Simpol, Tony Brito, destacou que há necessidade de discutir questões como assédio moral, saúde mental, que a valorização do trabalho policial, no sentido de dar estruturas adequadas, é uma necessidade e que isso tudo será feito em conjunto com a Delegacia Geral da PCCE e o governo do estado do Ceará.

O caso 

Quatro policiais civis foram mortos dentro da Delegacia Regional de Camocim no dia 14 de maio. O homem identificado pelo crime foi o policial civil Antônio Alves Dourado, de 44 anos. Três das vítimas estavam em um alojamento, dormindo em redes, dentro da unidade da PCCE, quando foram surpreendidos pelos tiros.

O inspetor Dourado fugiu em uma viatura da Polícia Civil após o crime e gravou um vídeo apontando situações de assédio moral na PCCE. A prisão dele em flagrante foi convertida em preventiva em audiência de custódia. No processo dele foram anexados documentos que falaram sobre o acompanhamento psicológico e psiquiátrico do agente de segurança, que segue preso no sistema penitenciário.

Fonte: O Povo

 

 

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