Defensoria atua em favor de assistida com doença rara e consegue cadeira elétrica especial em Viçosa
Um sonho digno de ser realizado. Assim pode-se definir a história de Maria Luiza de Brito, 42, mais conhecida como Martinha Brito, portadora de fibrodisplasia ossificante progressiva, patologia rara que se caracteriza pela formação de ossos dentro dos músculos, restringindo assim, os movimentos. As limitações foram se intensificando com o passar dos anos e seu grande desejo sempre foi conseguir uma cadeira especial para sua locomoção. Ela conta que nasceu uma criança saudável, mas que aos seis anos de idade, logo após uma vacina no músculo do braço, começou a ter diversos problemas de saúde.
“Fui crescendo, desenvolvendo e o problema junto comigo. Até os 16 anos eu conseguia andar, sentar, me locomover na rua sozinha. Aos 32 anos, tive uma crise respiratória. Fui para o hospital e os médicos me encaminharam para um neurologista que trouxe o diagnóstico de uma patologia rara, a fibrodisplasia ossificante progressiva”, detalha Martinha.
Sem cura, nem tratamento, a doença requer uma vida de adaptação. Dentre os riscos, ela pode causar traumatismo craniano devido a possíveis quedas, além de constrição da caixa torácica que leva a insuficiência respiratória e ataques cardíacos. Há mais de dez anos com o diagnóstico, Maria Luzia relata as dificuldades, mas evidencia esperança. “Não é fácil viver numa prisão em ossos, a fé tem me feito ir muito mais além, a fé é combustível da alma e mesmo vivendo uma prisão em ossos eu consigo viver uma liberdade espiritual”, declara.
Martinha tomou conhecimento de seus direitos por meio da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e decidiu procurar a Defensoria Pública para conseguir uma cadeira adaptada conforme suas necessidades. Como à época não havia defensor atuando em Viçosa do Ceará, município onde mora, ela se direcionou para a comarca mais próxima, localizada na cidade de Tianguá, onde foi orientada pelo defensor Oderman Medeiros, titular da Vara Única Criminal de Tianguá em todo direcionamento do processo.
Depois de um ano sem avanço, o processo foi encaminhado para Viçosa e ficou sob direção do recém nomeado defensor, Thacilo Evangelista. “Quando eu finalmente fui nomeado e vim pra Viçosa, com dois meses, a Martinha conseguiu ir até o Fórum falar comigo. A gente foi falar com o juiz de Tianguá para ele conceder a liminar. Deu certo, o juiz concedeu a ordem de compra dessa cadeira. E eu, sensibilizado com essa dificuldade de locomoção, a tornei minha primeira assistida remota, porque eu via a dificuldade que ela tinha só para se deslocar ao Fórum”, detalha o defensor.
Durante o processo, Thacilo relata que a Defensoria teve que atuar pedindo o bloqueio dos bens do valor da cadeira para que o Estado fornecesse a cadeira. Ele detalha que, primeiramente, ela necessitava de uma cadeira muito especial, elétrica e que se movia na posição de ortostase. Agora, depois de quase dois anos e seis meses, Martinha está prestes a ter o sonho realizado. “Hoje eu vejo um sonho realizado. Isso mostra que a gente não pode jamais desistir, mas lutar por aquilo que é direito da gente. Eu sempre acreditei na força da justiça, apesar de muitas pessoas terem tentando tirar minha esperança, mas eu consegui, então isso é fruto da minha esperança”, declara a assistida.
Ela está na expectativa de receber sua cadeira elétrica, que já se encontra na cidade de Fortaleza, aguardando apenas a transferência para seu município. “Tenho um sentimento de vitória, de batalhadora, de persistência, de perseverança, de saber que toda minha luta e todo meu trajeto, todo esse caminho que percorri foi válido, valeu a pena”, finaliza Martinha, expressando seu profundo sentimento de gratidão.
Atualmente, a Defensoria Pública do Ceará em Viçosa possui duas Varas, Cível e Criminal, e a população, caso tenha alguma demanda específica com relação às duas áreas, pode entrar em contato pelo e-mail vicosa@defensoria.ce.def.br ou por meio do número (88) 9 9946-2300. Os viçosenses podem recorrer ao órgão a qualquer momento nesse período de pandemia para quaisquer necessidades de orientação e direcionamento no âmbito judicial a fim de que sejam devidamente instruídos.