Delegada investigada por causar acidente com três veículos e quatro feridos atuava na Delegacia de Delitos de Trânsito
Delegada foi exonerada do cargo no início de 2023. Inquérito policial analisa possibilidade de embriaguez de delegada em acidente com três veículos no município de Aquiraz; defesa nega.
A delegada da Polícia Civil do Ceará suspeita de provocar um acidente com três veículos em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, atuava até janeiro deste ano na Delegacia de Acidentes e Delitos de Trânsito (DADT), quando foi exonerada.
Na DADT, a suspeita exercia o cargo de delegada adjunta, que tem por atribuição a substituição legal do delegado-geral em suas ausências. Um delegado adjunto também pode desempenhar outras atribuições definidas pelo gestor da unidade policial.
A delegada teve sua exoneração publicada pela Secretaria Estadual do Planejamento e Gestão no Diário Oficial do Estado no dia 10 de janeiro de 2023. Desde que foi exonerada da função, ela está afastada da Polícia Civil por licença médica, conforme informações da corporação.
A delegada é acusada de provocar o acidente no dia 27 de maio na CE-452, no município de Aquiraz, na via que leva à Prainha, um dos destinos turísticos mais conhecidos da região. Na batida, pelo menos quatro pessoas ficaram feridas. Segundo testemunhas, a delegada apresentava sinais de embriaguez.
A delegada e as vítimas foram levadas para o Hospital Instituto José Frota (IJF) em decorrência das lesões sofridas no acidente. No local, conforme informações da investigação da Polícia Civil, a delegada não esperou atendimento e foi embora da unidade hospitalar antes da chegada das equipes policiais que atenderam o caso.
O advogado de defesa da delegada, Leandro Vasques, informou que a cliente “não estava sob efeito de bebida alcoólica” e que a delegada não fugiu do hospital, mas teria assinado um pedido de alta e buscado atendimento em uma unidade hospitalar particular.
Em nota, o IJF informou que “não tem autorização para divulgar informações privadas dos usuários”, e que os pacientes não são obrigados a permanecer no hospital, “exceto em casos de demanda judicial ou policial”.
Momento do acidente
Segundo o inquérito policial, ao qual o g1 teve acesso, o acidente aconteceu por volta das 18h40 . A delegada dirigia um veículo Ford Ranger e, segundo as vítimas do acidente e outras testemunhas, o automóvel estava andando em “zig zag” na pista até que se chocou contra um Fiat Uno e um Honda Accord.
Após o acidente, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) foi acionada e chegou ao local. De acordo com as testemunhas, a delegada estava desacordada ao volante, e sua companheira, no banco ao lado, estava em estado de embriaguez e não conseguia manter-se de pé.
No veículo Ford Ranger foi encontrada uma garrafa de whisky com sinais de consumo recente, um cooler para bebidas e uma arma de fogo. Nas proximidades do acidente também foi encontrada outra garrafa de whisky, esta fechada.
No Honda Accord, um dos veículos atingidos pelo Ford Ranger, havia dois passageiros, que não sofreram ferimentos. No outro veículo atingido, o Fiat Uno, havia quatro pessoas: o condutor, sua esposa gestante e outros dois passageiros. Quando os policiais foram ao veículo, constataram que os quatro estavam feridos, e que o motorista havia quebrado o braço com o impacto do acidente.
Conforme depoimentos dos policiais que atenderam a ocorrência, a delegada permaneceu desacordada até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Uma vez desperta, ela se recusou a fazer o teste de bafômetro, como consta no inquérito policial.
A ocorrência foi atendida pela Delegacia Metropolitana de Aquiraz e foi registrado como lesão corporal culposa na direção de um veículo automotor, crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro, com agravante caso o condutor esteja com capacidade psicomotora alterada em razão de álcool, o que pode levar a pena de dois a cinco anos de prisão.
Em nota, a Corregedoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública do Ceará (CGD) informa que determinou “instauração de procedimento disciplinar para a devida apuração na seara administrativa” e que o procedimento está, atualmente “em trâmite”.
A Polícia Civil, por sua vez, informou que o inquérito policial que investiga a ocorrência “está em fase de conclusão” e que mais detalhes não serão divulgados para “não comprometer os trabalhos policiais em andamento”.
Fonte: G1 CE