Nova pesquisa AtlasIntel: Lula perde força e Bolsonaro lidera mesmo inelegível
O novo levantamento do Latam Pulse, iniciativa da AtlasIntel e Bloomberg, reforça um cenário preocupante para o governo Lula. A desaprovação do presidente atingiu 53% – a maior desde o início do mandato –, e a avaliação negativa de sua gestão cresceu 4 pontos percentuais em um mês. Pela primeira vez, Jair Bolsonaro aparece numericamente à frente de Lula em um eventual segundo turno. No entanto, o ex-presidente segue inelegível até 2030, o que abre espaço para outros nomes da direita disputarem a sucessão.
Atenção: Pesquisas agora não são predição, mas termômetro da política. As pesquisas eleitorais feitas com mais de um ano de antecedência da eleição não são preditivas do resultado final, mas servem como termômetro do momento político e barômetro das tendências eleitorais. O levantamento do Latam Pulse não define 2026, mas indica mudanças importantes no humor do eleitorado.
Por que isso importa?
1. Medição de tendência: A oscilação da aprovação de Lula e o crescimento de Bolsonaro, mesmo inelegível, mostram que o governo enfrenta dificuldades e que a direita mantém força política.
2. Indicações para alianças e estratégias: Com Bolsonaro fora da disputa, pesquisas como essa ajudam a direita a definir um candidato viável – hoje, Tarcísio de Freitas desponta como principal nome.
3. Ajustes de governo: A queda na popularidade de Lula e o crescimento da insatisfação com segurança pública e economia podem forçar o Planalto a mudar o tom e priorizar novas pautas para reverter a tendência negativa.
Pesquisas não determinam o futuro, mas a latam Pulse mostra o cenário em que ele está sendo construído. Se Lula não reverter a erosão de sua base e se a direita consolidar um nome forte, a disputa de 2026 pode ser bem mais difícil do que o governo esperava.
O que está acontecendo?
• A desaprovação de Lula subiu 1,6 ponto percentual desde janeiro, enquanto sua aprovação segue estagnada em 45,7%.
• A percepção negativa da gestão avançou em todas as áreas, sem exceção.
• Pela primeira vez, há um empate (49% x 49%) entre os que consideram o governo Lula melhor ou pior do que o de Bolsonaro – um dado simbólico da erosão de sua base.
Bolsonaro, mesmo inelegível, mantém uma base consolidada e impulsiona um movimento de desgaste do governo. Sua liderança na oposição não apenas sobreviveu às investigações e denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR), como também ganhou força nos últimos meses.
Bolsonaro lidera oposição, mas não pode concorrer
Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro venceria Lula por 45,8% a 43%. Em janeiro, Lula ainda estava na frente (44% x 40,6%). A direita, no entanto, enfrenta um dilema: com Bolsonaro fora do jogo eleitoral, quem herdará seu capital político?
No primeiro turno, Lula ainda lidera, mas a direita começa a se estruturar:
• Contra Tarcísio de Freitas, Lula teria 41,6% contra 32% do governador paulista.
• Contra Eduardo Bolsonaro, Lula teria 41,5%, com o filho do ex-presidente somando 23,8%.
O risco para Lula está no segundo turno:
• Bolsonaro aparece com 49% contra 48% de Lula, mas não poderá disputar.
• Tarcísio de Freitas já vence Lula por 49% a 47%, mostrando-se como a alternativa mais competitiva da direita.
• Lula mantém vantagem apenas contra nomes menos expressivos, como Eduardo Bolsonaro, Pablo Marçal e Romeu Zema.
Crise econômica mina a popularidade de Lula
A economia, que tradicionalmente é um trunfo para o PT, passou a ser um problema. A preocupação com a inflação bateu recorde e já é o terceiro maior problema apontado pelos brasileiros.
• Desde novembro de 2024, o receio com a alta dos preços cresceu 13 pontos percentuais, de 23% para 35%.
• O custo dos alimentos básicos segue puxando a inflação para cima, prejudicando o poder de compra da população.
• Programas sociais populares, como Farmácia Popular, Desenrola e Pé de Meia, seguem bem avaliados, com até 85% de aprovação.
No entanto, medidas impopulares, como a taxação de compras internacionais de até US$ 50 e mudanças na fiscalização da Receita Federal, geraram forte rejeição. O problema central para Lula é que a aprovação de políticas isoladas não se converte em uma defesa consistente de seu governo.
Segurança pública: o calcanhar de Aquiles do governo
O crime se consolidou como a principal fragilidade da gestão petista. Mais de 90% da população vê a segurança como uma grande preocupação, e 73% acreditam que a violência está piorando.
• 85% dizem que organizações criminosas influenciam a política e o Judiciário.
• 64% avaliam negativamente o governo na área da segurança.
• 72% da população apoia a restrição de direitos humanos e liberdades civis para endurecer penas contra criminosos.
Além disso, há um abalo na confiança nas instituições responsáveis pelo combate ao crime:
• Judiciário tem o pior índice de credibilidade (66% de desconfiança).
• Forças Armadas (64%), governo federal (59%) e governos estaduais (53%) também são mal avaliados.
• A única exceção são as polícias, que possuem a confiança da maioria da população (51%).
Direita se fortalece com discurso da segurança
O desgaste de Lula abriu espaço para a direita monopolizar o discurso sobre crime e violência. Para 50% dos brasileiros, a direita tem as melhores propostas para enfrentar a criminalidade; apenas 26% veem esse papel na esquerda.
O governo tentou reagir com o programa Pena Justa, mas a iniciativa foi amplamente rejeitada:
• 87% desaprovam a flexibilização do uso de tornozeleira eletrônica para detentos no semiaberto.
• 66% reprovam a proposta de substituição de penas de reclusão por penas alternativas.
Sem soluções efetivas para a segurança, o Planalto deixa um vácuo que a direita vem ocupando com força. Bolsonaro, mesmo inelegível, segue ditando a narrativa e impulsionando aliados como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema.
Por que importa?
O governo Lula está diante de um problema duplo: vê sua aprovação derreter enquanto Bolsonaro, mesmo inelegível, continua sendo seu maior adversário. A direita, por sua vez, se reorganiza para 2026, com Tarcísio despontando como o herdeiro natural do bolsonarismo na disputa presidencial.
Se o Planalto não reverter a queda na popularidade e não apresentar respostas concretas para a segurança e a inflação, Lula pode chegar a 2026 sem a vantagem de 2022 – e abrir espaço para uma nova guinada à direita.
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