Os desafios do lixo para a humanidade contemporânea

Antes da Primeira Revolução Industrial em 1750, o lixo produzido nas cidades era composto basicamente por elementos orgânicos, além disso, o número de habitantes era menor cerca de 790 milhões de pessoas, assim como os centros urbanos, assim os moradores apenas enterravam os resíduos no próprio quintal

Por: Manoelzinho Canafístula – Foto: Lixão de Itarema – Manoelzinho Canafístula

O lixo é o quarto maior desafio da humanidade contemporânea, resultado de tudo que foi produzido e consumido pela população, o que sobra não deveria ser um problema e sim uma solução e a geração de novos empregos, trabalhos, rendas e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, porém, aspectos culturais e uma alta deficiência na legislação ambiental no Brasil e no mundo contribuíram para que o lixo, se transformasse no grande vilão do mundo moderno e o maior desafio dos governos. Especialmente dos países em desenvolvimento e daqueles subdesenvolvidos. A degradação ambiental e o extermínio da flora e da fauna são as principais vítimas da fracassada política dos resíduos sólidos.

Diariamente nas pequenas cidades como Itarema e Acaraú, as pessoas procuram os principais canais de comunicação como emissoras de rádio, blogs e até mesmo desabafam nas redes sociais para denunciar o acúmulo de lixo ou a forma como ele é tratado, em virtude das mudanças na legislação, pequenos e médios municípios gastam alguns milhões de reais por ano, apenas para recolher o lixo nas cidades e espalhar em algum local no meio ambiente, os famosos lixões. No Ceará, o governo do Estado decidiu mudar os rumos da política dos destinos finais do lixo e o consórcio intermunicipal dos resíduos sólidos, já pode ser copiado para outras regiões do estado, há cidades que estão fazendo a diferença, incentivado a coletiva seletiva e sistemática de todo o lixo reciclável, há outras, que pagam algumas fortunas, para que nada aconteça e mude essas realidade, vamos conhecer um pouco do lixo lá fora e a realidade, aqui dentro dos nossos municípios.

Para a realização de um estudo acerca do lixo, que é um dos maiores problemas ambientais em âmbito mundial, é preciso compreender o seu significado. De uma forma sintetizada, o lixo corresponde a todos os resíduos gerados pelas atividades humanas que é considerado sem utilidade e que entrou em desuso. O lixo é um fenômeno puramente humano, uma vez que na natureza não existe, pois tudo no ambiente agrega elementos de renovação e reconstrução do mesmo. Nesse contexto, o lixo pode ser encontrado no estado sólido, líquido e gasoso.

O lixo pode ser classificado como orgânico (restos de alimentos, folhas, sementes, papéis, madeira entre outros), inorgânico e esse podem ser recicláveis ou não (plástico, metais, vidros etc.), lixo tóxico (pilhas, baterias, tinta etc) e lixo altamente tóxico (nuclear e hospitalar). Diante disso, o lixo pode ter várias origens, dentre as principais estão os resíduos domésticos, sólido urbano, industrial, hospitalar e nuclear. Para obter condições satisfatórias no seguimento social e ambiental nos centros urbanos e, especialmente, nas grandes cidades é preciso que haja uma intervenção efetiva do poder público. Dessa forma, as esferas do poder (município, estado e união) têm a incumbência de designar e implantar ações que possam agregar melhorias de vida para a população.

Sua atuação fica vinculada à criação de áreas verdes, arborização urbana, manejo de um sistema de transporte coletivo que funcione, projetos de moradias populares, saneamento básico e água tratada, monitoramentos dos níveis de poluição, coleta do lixo e muitas outras que são fundamentais. O Estado é o responsável por controlar e administrar os impostos pagos pelos contribuintes, nesse sentido, é seu dever oferecer tais serviços e com a máxima qualidade à população. Todas as cidades enfrentam diversos tipos de problemas, quanto maior o aglomerado urbano, mais as adversidades são acentuadas. Diante dessa afirmativa, um dos problemas que mais se destaca é a questão do lixo, principalmente o sólido. Diariamente as cidades emitem uma enorme quantidade de lixo e grande parte desses detritos não são processados, ou seja, o excedente vai sendo armazenado em proporções alarmantes. O problema cresce gradativamente, devido ao elevado número de pessoas no mundo e o grande estímulo ao consumo presente nas sociedades capitalistas.

Antes da Primeira Revolução Industrial em 1750, o lixo produzido nas cidades era composto basicamente por elementos orgânicos, além disso, o número de habitantes era menor cerca de 790 milhões de pessoas, assim como os centros urbanos, assim os moradores apenas enterravam os resíduos no próprio quintal. Sanitariamente essa ação é positiva, pois corresponde a uma medida preventiva contra a dispersão de doenças e evita a presença de animais hospedeiros, como ratos, baratas, moscas, dentre outros. Após o período da Primeira Revolução Industrial, houve um grande crescimento da produção industrial, aumento significativo da população, processo esse que teve um enorme incremento após a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) na qual ocorreu um engrandecimento da quantidade de lixo e uma diversificação em sua composição.

A partir dessa data o mundo passou por intensas evoluções tecnológicas e científicas, além disso, houve a dispersão de empresas transnacionais pelo mundo e essas incentivaram o consumo em massa, lançando produtos e atrativos aos consumidores, no sistema capitalista o maior objetivo é o lucro e, diante desse fato, os donos dos meios de produção colocam um arsenal de novidades no mercado, mas todas as mercadorias dispostas para o consumidor requerem a retirada de recursos da natureza e também produzem resíduos. O lixo fica mais evidente nos países subdesenvolvidos onde muitas vezes não existe um sistema de coleta de lixo, característica que demonstra a fragilidade das políticas assistenciais. O lixo não é somente um problema de caráter ambiental, mas também de saúde e qualidade de vida, desse modo a sua coleta configura como um dos principais serviços públicos.

Nas cidades que dispõe de coleta de lixo, entre elas Itarema e Acaraú, esse é deslocado para um lugar específico denominado de lixão, onde ficam concentradas enormes quantidades de detritos que se encontram a céu aberto, e sem nenhuma política pública que amenize os impactos causados pelo processo natural de degradação ambiental, porém existem também os aterros sanitários, lugares destinados a armazenar o lixo, nesse caso os resíduos são enterrados e compactados. Esses lugares possuem uma paisagem degradada e é um ponto de concentração de doenças e mau cheiro, não é recomendável o contato humano nesse ambiente por causa da insalubridade.

Os dois tipos de depósitos se estabelecem em áreas periféricas que estão sobre fortes problemas de ordem ambiental e social. Muitas vezes o lixo pode ter outros destinos, como áreas desabitadas, encostas, rios e córregos. Esse processo é comum em países subdesenvolvidos, onde existem bairros e comum idades rurais que possuem pouca ou nenhuma coleta de lixo, como esse não tem seu destino adequado produz inúmeros problemas no ambiente e também às pessoas da comunidade, dentre muitos os principais são: Disseminação de insetos que são hospedeiros de doenças, como a peste bubônica, dengue, leptospirose entre outras.

Mesmo com melhoras significativas no tratamento do lixo por grande parte da população consumidora, lidar com os resíduos de maneira sustentável ainda é um enorme desafio para os responsáveis pela gestão adequada dos restos do consumo de determinada região. A má gestão de lixo no Brasil ainda é culpa da falta de interesse dos governantes e o resultado negativo aparece em contaminações e riscos à saúde. Com isso, empresas de construção civil e obras públicas têm buscado oferecer a seus clientes alternativas para vencer os desafios da gestão do lixo no Brasil e atuar de forma efetiva na preservação do meio ambiente.

A geração de resíduos sólidos é o principal ônus de qualquer atividade produtiva, uma vez que não se pode obter o produto final sem que parte dos materiais seja deixada pelo caminho de produção. Por isso, pensar em como gerir esse lixo produzido deve ser a principal preocupação de uma empresa comprometida com a sustentabilidade e a preservação ambiental. Fazer coleta seletiva, armazenar adequadamente os resíduos, contribuir para que a coleta urbana seja realizada com segurança e eficácia são apenas algumas das práticas para garantir uma boa gestão do lixo, ainda que só no seu empreendimento.

Em Acaraú, somente no ano passado a prefeitura gastou R$ 1.978.264,15 com a coleta do lixo, que foi recolhido da cidade e de algumas comunidades rurais e litorâneas e foram depositado no lixão. Em Itarema, cidade menor que Acaraú em Extensão territorial e número de habitantes a prefeitura gastou R$ 4,5 milhões para recolher o lixo e entulhos, varrição de ruas, podas de arvores e capinação. Não existe nenhum projeto em vigor nas duas cidades, que favoreça o desenvolvimento de ações governamentais que possam contribuir para amenizar os impactos ambientais e de saúde pública, há no entanto um consórcio regional que envolve os sete municípios do Baixo Vale Acaraú, a prefeitura de Itarema gastou em 2021 o valor de R$ 238.500,00 de contribuição para o consórcio, mas em nenhum dos municípios participantes se observa ações efetivas sobre o destino final do lixo. Cada município contribui com o valor de R$ 26.500,00 por mês.

O descarte adequado dos rejeitos é atualmente um dos principais desafios enfrentados pelos municípios brasileiros. Com o objetivo de decretar a disposição ambientalmente correta para eles, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determina ações como a extinção dos lixões e a substituição por aterros sanitários. Porém, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil ainda possui cerca de três mil lixões. A falta de recursos financeiros por parte dos municípios tem impedido avanços mais acelerados nessa área.

Inicialmente, a legislação determinava que todos os lixões deveriam ser fechados até o dia 2 de agosto de 2014. As dificuldades de implementação de aterros sanitários, junto com pressões políticas, fizeram com que o prazo fosse prorrogado, segundo as características dos municípios. As capitais e municípios de suas regiões metropolitanas tiveram até o dia 31 de julho de 2018 para acabar com os lixões. Os municípios de fronteira e os que contam com mais de 100 mil habitantes, segundo o Censo de 2010, tiveram um ano a mais que as capitais para implementar os aterros sanitários.

Pelas atuais previsões, cidades com 50 a 100 mil habitantes teriam até o dia 31 de julho de 2020. Já para os municípios com menos de 50 mil habitantes o prazo negociado foi 31 de julho de 2021. E até agora pouco foi feito, enquanto isso uma mãe de família morreu atingida por um raio, enquanto recolhia material reciclável no lixão de Acaraú, ela poderia estar fazendo isso em um galpão de uma associação de catadores de material reciclável, se não fosse a ausência do compromisso de gestores que pouco se importam com seu povo, bem como os animais marinhos, peixes, crustáceos e frutos do mar, também não estaria contaminados pela grande quantidade de lixo que é jogado diariamente no mar. O ser humano agoniza sem trégua e busca a esmo uma saída, que ele dificilmente encontrará, as consequências disso tudo em resumem em perda do fôlego e por fim o movimento e ai como disse o poeta, será o fim da odisseia humana na terra.

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